sábado, 15 de fevereiro de 2014

E só de pensar em voltar...

sdds Recife

Quando eu paro pra pensar em voltar pro Brasil, tudo já me parece estranho.
As coisas mais ordinárias já soam esquisitas.

Ter alguém que faça faxina, feira, almoço (quentinho com feijão preto).
Dividir a casa, não pagar contas, poder comprar tapioca em qualquer esquina.
Não poder sair de noite com menos de 50 reais. Reais? Como é estranho pensando em real.
Andar de carro com os amigos. Dirigir!

Ter que pegar o ônibus sem saber que horas ele passa. Rodar uma catraca.
Das beste Bier der Welt (dunkel, de preferência)
Usar short, havaianas, calça jeans sem segunda pele.
Entender todas as embalagens do supermercado. Comprar queijo e leite na padaria.
Poder reclamar e argumentar sem ter medo de se sentir idiota.Usar nota de 2. Moeda de 25.

Não poder andar a pé depois das 20h.
Pagar 700 reais por uma passagem de avião.
Pedir um cappuccino e vir com chocolate.
Encontrar um self service em todo lugar.
Me acostumar de novo com o barulhinho do ar condicionado e o latido do meu cachorro.
Com os carros tocando brega nas alturas, com os pedreiros dando cantadas.

Vai ser estranho encontrar minha cerveja preferida cinco vezes mais cara e ser obrigada a beber Skol.
Ir pra pubs que não são pubs. Pagar 40 reais numa festa. Voltar a usar cartão de crédito. Não poder usar bota.
Ir ao cinema toda semana. Atrasos.
Não beber água da torneira.
Professores que faltam aulas.
Ciclofaixas inexistentes.
Protestos. Notícias bizarras. Açaí na tigela. Caronas. O medo. Prédios de 40 andares.
30 ºC.

Quando eu penso em como eu já me acostumei com a vida aqui, até me assusta pensar que quando eu voltar terei que passar por uma adaptação no meu próprio país.




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