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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Good bye, Bremen.

I would like to write a good bye text and something about the closure of my interchange year. But I simply can not do it.

My father had to go to Bremen to ensure
my return to Brazil.
It is too much sad, it is too much information to me. It's like trying to resume my blog in only one post. But in each post I already resume so much the events, my feelings, my life...

I can only say that I'll be back like another person - as I already said: I was borned again. Maybe it isn't noticeable to others, but it was very significant to me.

From now I carry my friends in my pocket, my learnings in my head and my memories in my chest.

And it must not be the end, but a new a phase in Brazil. Because now I liked it. Now I don't stop it anymore. And this this year out was just the beginning.

06/07/2014


Ps.: I still have some posts to do and I shall update the blog soon (including my return and my adaptation in Brazil)


Ps2.: Actually, I didn't spend one year in Bremen becase I antecipated my return do Brazil in two months.

Ps3.: Probably I will post something here when I miss Bremen.

Adeus, Bremen.

Eu queria conseguir fazer um texto de despedida e encerramento do meu intercâmbio. Mas eu simplesmente não consigo.

Meu pai teve que ir me buscar em
Bremen pra garantir a minha volta! haha
Além de ser muito triste, é informação demais pra minha cabeça. É como tentar resumir meu blog num só texto. Mas a cada texto eu já resumo tanto os meus sentimentos, os acontecimentos, a minha vida.

Eu só posso dizer que voltarei como outra pessoa - como eu já disse: nasci de novo. Talvez não seja perceptível aos demais, mas foi muito significante pra mim.

Carrego a partir de agora meus amigos no bolso, meus aprendizados na cabeça e as lembranças no peito.
E que este não seja apenas o fim, mas sim uma nova fase no Brasil. Porque agora eu tomei gosto. Agora eu não paro mais. E esse ano fora foi só o começo!

06/07/2014


Ps.: Ainda estou devendo uns posts ao blog e devo atualizar em breve (inclusive contando a minha volta e a minha readaptação ao Brasil).

Ps2.: Na verdade, eu não passei um ano porque antecipei minha volta em dois meses.

Ps3.: Provavelmente devo voltar pra postar alguma coisa aqui quando a saudade bater!


quarta-feira, 21 de maio de 2014

Relato após 8 meses morando em Bremen

agora que tá batendo os 30 ºC é que eu to me sentindo em casa mesmo haha




Hoje faz exatamente 8 meses desde que eu pisei em Bremen. E hoje finalmente posso dizer: estou adaptada! Claro que ainda tem muita coisa pra aprender e muitos lugares pra explorar, mas finalmente me sinto confortável aqui, finalmente eu sinto que criei laços com a cidade e me sinto mais feliz a cada dia que passa. Finalmente eu posso dizer: sim, eu amo Bremen!


Infelizmente, logo agora que estou adaptada,  já estou também com os dias contados por aqui. E agora a minha saudade é reversa. Ainda nem voltei pro Brasil e já me pego olhando pras coisas aqui com saudade, imaginando o quão duro vai ser voltar pro Recife sem ter nem ideia de quando eu pisarei novamente na Alemanha.




É verdade que no começo eu não gostava muito daqui e até tentei me mudar pra Hamburgo, mas hoje eu vejo Bremen como uma cidade em que eu moraria novamente no futuro. Das várias cidades que eu visitei na Alemanha, Bremen parece mesmo ideal - não é muito grande nem muito pequena, nem muito vazia nem muito lotada de gente; não é uma cidade com custo de vida elevado; é ótima pra andar de bicicleta (nem todas são assim); além de ser simplesmente linda!


É verdade que eu morria de saudade do Recife e que ainda sonho que estou lá todos os dias (mas nem sempre são sonhos bons, muitas vezes têm sequestros, assaltos, engarrafamentos, etc.), mas agora eu aprendi a controlar isso. Sem contar que o meu primeiro semestre, além de ter sido no inverno, foi terrível! Eu não entendia nada direito, sentia frio o tempo inteiro, era maltratada por aquela família bizarra, era tudo muito diferente!


Hoje em dia, eu já sei exatamente aonde ir, exatamente como resolver as coisas, já escolhi meus lugares preferidos na cidade, já estabeleci minhas amizades. Atingi a velocidade de cruzeiro, tudo parece estável e tranquilo.


Mas é isso aí - tudo que é bom dura pouco. Em breve darei inícios aos procedimentos de despedida - e que venham as tapiocas!





Ps 1.: Minha recomendação pra quem vai fazer intercâmbio: passar dois semestres vale mil vezes mais do que passar um só.


Ps 2.: A Alemanha não é um país fácil, mas é incrível! Basta ter paciência.


Ps 3.: Não vou dizer que passou rápido, mas preciso dizer que eu queria ficar mais! haha


Ps 4.: Mas tudo bem, daqui a dois anos eu volto pro meu mestrado.


Ps 5.: Pior parte: como lidar agora com todas as amizades ao redor do mundo?

Ps 6.: Eu tenho, claro, saudade do Recife (muita!), mas tenho certeza que depois de uma semana já vou estar reclamando de tudo. hahahahahaha

terça-feira, 6 de maio de 2014

Maracatu: hoje tive um encontro com a minha saudade

Então é isso... eu precisei vir pra Alemanha pra finalmente participar do Maracatu.

Ouvir o som das alfaias depois de quase oito meses me fez chorar como eu nunca chorei em público.

Foi difícil não me arrepiar como sempre acontecia no Recife Antigo e não me emocionar diante da mais perfeita representação da minha saudade.

A minha saudade,
ali, em forma de
música,
a minha saudade
pulsando,
a minha saudade fazendo meu corpo todo vibrar...
Não, não deu pra aguentar!




Obrigada, Hamburgo! Tô voltando, Recife!



Ps.: Olhe, já ouvi dizer que pernambucano era orgulhoso, mas pra mim isso não se chama orgulho não, se chama amor mesmo!





__________ ok, explicações... ________________________________________________________

ensaio de hoje
Hoje fui com Anita num grupo de maracatu em Hamburgo chamado Maracatu Estrela do Elba - formado há 20 anos e quase exclusivamente por alemães (alguns deles falam português e já foram tocar no Recife).
Qualquer pessoa pode participar e paga 10 euros por mês. Não precisa ter os instrumentos.

Eis o link da página deles: http://www.maracatu.de

E eis um link deles se apresentando e também pra quem não sabe o que é maracatu: http://www.youtube.com/watch?v=Z9B3lHmrx80/




segunda-feira, 5 de maio de 2014

Eu saio do Recife, mas o Recife não sai de mim

Hoje eu tava lembrando de uma vez em que eu comprei um potinho de sorvete no supermercado e o ônibus tava demorando a passar.
Comecei a ficar agoniada pensando que meu sorvete ia acabar derretendo.
Até que eu me dei conta de que isso não fazia o menor sentido: tava cheio de gelo na rua e eu tava me tremendo toda.

Hoje em dia eu que derreto de calor aqui nas ruas - Bremen nem parece a mesma cidade de 5 meses atrás!



Confesso que to achando o máximo passar por todas as estações do ano :)

sexta-feira, 7 de março de 2014

To my friends in Bremen

Se você quiser ler este texto em português, clique aqui.

This picture resumes! (Romania, Greece, India, Egypt, Malta, Niederlands and Turkey!)

The last days in January were really fun but really sad at the same time.
It's very painful when you make real friends during the exchange period and you have to deal with the fact that they will live the rest of theirs lives quilometers far away from you. Or even an ocean of distance.

Yes, I did good friends here. Not only party people. Not only "Erasmus people".
Isabelle and Aline were the only whom
 stayed here from this picutre :/

And because lived together with so many different cultures, I learnt that everybody is equal.
Differences are details. 

I've never imagined that my friends here would be from the most unusual places - some of them I almost didn't even heard much about.
Malta, Greece, Lithuania, Romania, Índia, Niederlands, Egypt, Turkey - now I have even strongest/biggest reasons to visit those countries.

I'm terrible to deal with missing.
I hate the idea of loosing a friendship because of the distance.


But I know that this period doesn't go back anymore. I know that it was the end of a wonderful phase. And now they go and I stay. And it'll begin again.
New parties, new people, new histories - but nothing nor anyone will replace whom lived with me during my first semester in Bremen.
The idea of don't see them again inconceivable.


I love this picture! Me and Rachel in our on day trip in Hamburg!

The first time I went out with Rodolfo and Simon :)
All that entire week of goodbyes in January is already kept in my mind with love: the first snow on Thursday (we were in a club and me and Rachel left the place without coats just to play with it); the campfire at Shivam's house - when I got the coldest cold in all my life (-12 ºC); the crazy party in a strange apartment; the snow fight at the Bürgerpark on Sunday (Tasos walking on the frozen lake); my inauguration's party (with the police knocking on the door); the goodbye of the goodbyes in the Starbucks at the central station.





me and Cristina in our Welcome Party, at the beginning of
the semester
Besides a lot of another histories of one whole semester that wont never be forgotten, of course :)



It's important also to say that Talita, Fernando and Rodolfo went back to Brazil too and I miss them so much - but I'll visit them for sure :)

My favourite couple













I hope, my friends, that one day I can see you all again. And more: I hope we could stay all together one more time.







Ps.: For my lucky, Isabelle, Aline, Cristina, Ekin, Elisa, Shivam, David, Leandro and Renato will stay here too!

Ps.: I'm still upset because I couldn't say goodbye to Simon and David.

Ps.: 4 days playing with snow, drinking and without sleeping: I got fucking flu.


Ps.: It was so cold on Saturday that the beer got frozen!

Ps.: I'm going to London in June - so I will see Tasos again!

Hamburg

Vik and me in the Freimarkt :)



Campfire at Shivam's house

the first day of snow <3

The last day :((

And finally... videos of Tasos walking on the frozen lake!















Para os meus amigos em Bremen

If you want to read this text in english click here.

Essa foto resume! (Romênia, Grécia, Índia, Egito, Malta, Holanda e Turquia!)


Só sobrou a Aline e a Isabelle de brasilei-
ros dessa foto :/
O últimos dias de janeiro foram super divertidos e ao mesmo tempo muito tristes.
É muito chato quando você faz amigos de verdade no intercâmbio e tem que se conformar de que eles vão viver o resto da vida a quilômetros de distância. Ou mesmo a um oceano de distância.

Sim, eu fiz bons amigos aqui. Que não são só de festa. Que não são só "Erasmus people".

E convivendo com tantas culturas diferentes, aprendi que todo mundo é mesmo igual.
Diferenças são detalhes.

Nunca imaginei que meus amigos aqui seriam dos lugares mais inusitados possíveis, alguns dos
quais eu mal escuto falar.
Malta, Grécia, Lituânia, Romênia, Índia, Holanda, Egito, Turquia - agora eu tenho motivos ainda maiores/mais fortes pra visitar esses países.

Eu sou péssima pra lidar com a saudade.
Eu detesto pensar na ideia de perder uma amizade por causa da distância.

Eu adoro essa foto! Eu e Rachel na nossa trip de um dia em Hamburgo :)


Mas eu sei que essa época não volta mais. Sei que foi o fim de uma fase maravilhosa. E agora eles vão e eu fico. E vai começar tudo de novo.
Novas festas, novas pessoas, novas histórias - mas nada nem ninguém vai ocupar o lugar daqueles que conviveram comigo no meu primeiro semestre em Bremen.
A ideia de não revê-los é simplesmente inconcebível.

A primeira vez que eu saí com o Rodolfo e o Simon :)
Aquela semana inteira de despedidas em janeiro já está guardada com carinho na minha memória: a primeira neve na quinta feira (estávamos numa boate e eu e Rachel saíamos o tempo todo sem casaco nem nada só pra ir brincar com a neve); o churrasco com fogueira na casa do Shivam - quando fez o frio mais gelado que eu peguei em toda a minha vida (-12ºC com a sensação térmica bem pior porque tinha vento); a festa maluca num apartamento aleatório, snow fight no Bürgerpark no domingo (Tasos andando no lago congelado), a social de inauguração aqui em casa (que contou com a presença da polícia), a despedida da despedida na Starbucks da estação.
eu e Cristina na nossa Welcome Party, no comecinho do
semestre

Além das muitas outras histórias de um semestre inteiro que nunca serão esquecidas, é claro :)

Também vale ressaltar que a Talita, o Fernando (Fortaleza) e o Rodolfo (São Paulo) também se foram e estão fazendo uma falta enooorme - mas esses com toooda certeza eu vou visitar :D

Meu casal favorito








Pra minha incrível sorte, a Isabelle e a Aline conseguiram ficar por mais um semestre! E Cristina, Ekin, Elisa, Shivam, David, Leandro, Renato também continuarão aqui :)









Ps.: Ainda to chateada que não pude me despedir do Simon e do David (Suécia).

Ps.: Resultado de 4 dias brincando na neve, bebendo e sem dormir direito: gripei bonito.

Ps.: Tava tão frio sábado que a cerveja super congelou!

Ps.: Vou pra Londres em junho e vou rever Tasos!

Hamburg


Vik e eu na Freimarkt :)
Camp fire na casa do Shivam


Primeiro dia de neve!




Último dia :((







E finalmente... os vídeos do Tasos andando no lago congelado!














sábado, 15 de fevereiro de 2014

E só de pensar em voltar...

sdds Recife

Quando eu paro pra pensar em voltar pro Brasil, tudo já me parece estranho.
As coisas mais ordinárias já soam esquisitas.

Ter alguém que faça faxina, feira, almoço (quentinho com feijão preto).
Dividir a casa, não pagar contas, poder comprar tapioca em qualquer esquina.
Não poder sair de noite com menos de 50 reais. Reais? Como é estranho pensando em real.
Andar de carro com os amigos. Dirigir!

Ter que pegar o ônibus sem saber que horas ele passa. Rodar uma catraca.
Das beste Bier der Welt (dunkel, de preferência)
Usar short, havaianas, calça jeans sem segunda pele.
Entender todas as embalagens do supermercado. Comprar queijo e leite na padaria.
Poder reclamar e argumentar sem ter medo de se sentir idiota.Usar nota de 2. Moeda de 25.

Não poder andar a pé depois das 20h.
Pagar 700 reais por uma passagem de avião.
Pedir um cappuccino e vir com chocolate.
Encontrar um self service em todo lugar.
Me acostumar de novo com o barulhinho do ar condicionado e o latido do meu cachorro.
Com os carros tocando brega nas alturas, com os pedreiros dando cantadas.

Vai ser estranho encontrar minha cerveja preferida cinco vezes mais cara e ser obrigada a beber Skol.
Ir pra pubs que não são pubs. Pagar 40 reais numa festa. Voltar a usar cartão de crédito. Não poder usar bota.
Ir ao cinema toda semana. Atrasos.
Não beber água da torneira.
Professores que faltam aulas.
Ciclofaixas inexistentes.
Protestos. Notícias bizarras. Açaí na tigela. Caronas. O medo. Prédios de 40 andares.
30 ºC.

Quando eu penso em como eu já me acostumei com a vida aqui, até me assusta pensar que quando eu voltar terei que passar por uma adaptação no meu próprio país.




domingo, 9 de fevereiro de 2014

Eu não estou dividida. Estou apenas duplicada.



Eu tenho duas vidas.
Precisei morrer e nascer de novo.
Nasci em Bremen - Alemanha.
Nasci órfã.
Mas ganhei avós. Ganhei irmãos.

Não. Não tenho duas vidas paralelas.
Eu morri.
E nasci.
Como uma fênix.

Morte lenta e dolorosa.
Agoniante. Angustiante.
Difícil.
Prolongada.

E um parto complicado. Demorado. Exaustivo.

Depois dos primeiros passos (das primeiras quedas, eu diria) - desfruto do mundo como uma criança.
Aprendo rápido. Aprecio cada novidade.
Crio uma nova identidade. Uma identidade alemã.

O que serei no futuro? Ainda não sei, claro. Mas não serei mais só brasileira.

Eu não estou dividida. Estou apenas duplicada. 

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

confirmação de pequenas saudades

Apenas confirmando um monte de coisa que eu já sabia.
Texto escrito antes de viajar em 25.07.2013.

_________~~~~~~_______________~~~~~~ ________________________

Se um dia eu morar fora, já tenho ideia dos lugares que sentirei falta. Sim, eu vou morar fora. Mas eu volto. E vai ser apenas um ano. Mas eu já sei do que eu vou sentir falta.

Sentirei falta de bater ponto no Delta. De tomar um cappuccino [de paçoca POR FAVOR, daria minha alma por um cappuccino de paçoca aqui] e comer um quiche de ricota com espinafre, fingindo que sou light, enquanto aproveito pra carregar meu celular.
Sentirei falta da livraria Cultura [Olhe, eu sinto muita falta mesmo. Principalmente de entender o que tem escrito na capa dos livros. A substituta da Cultura aqui é a Thalia].
Das tardes de domingo no Bairro do Recife.
De pegar o Alto Santa Isabel no lado oposto da Conde da Boa Vista só pra dar uma volta pelas pontes, apreciar a paisagem. [porque sim, minha cidade é linda]
Sentirei falta do cinema da Fundação. [sinto falta do preço de lá também]  
Sentirei falta de ir ao Plaza só pra não fazer nada. Ou ir ao cinema ver um filme qualquer.
Sentirei falta de pegar o carro com Dani e sair sem destino. De ir em cada canto da cidade procurando o que fazer. E acabar em Boa Viagem.
Sentirei falta de ir pras festas e acabar em Boa Viagem. De novo. Vendo o sol nascer e comendo abacaxi. [aqui não tem abacaxi :(((]
Sentirei falta de pedalar nas ciclofaixas aos domingos. [bom, eu poderia pedalar aqui a qualquer momento se minha bicicleta não tivesse sido roubada ¬¬]
De voltar da faculdade, descer do ônibus e ir direto pro Bar Real.
Sentirei falta do sorvete italiano da esquina. [porque aqui eu ainda não provei um sorvete realmente bom]
De ficar presa na Rosa e Silva e aproveitar pra ouvir o álbum novo de Kasabian. [sim, até disso eu sinto falta]
Eu sentirei falta de ficar sentada na frente do CAC pensando na vida ou jogando conversa fora. [saudades de todas as Modernas <3]
Sentirei falta de andar toda a Conde da Vista resolvendo broncas (e comprando quinquilharias).
Sentirei falta da Rua da Imperatriz com a sua antiga padaria.
Não me esqueceria também do sensacional cinema São Luiz. Dos Festivais de Stop Motion.
Da tapioca de Glorinha. Lá do colégio. [ok, eu também daria minha alma por uma tapioca aqui. Então acho que vão ter que ser horcruxes - não, Ursula, não.]

Da Rua do Lazer e o suco de maracujá com Camila.
Lembrarei de Danielle, minha cabelereira. De Brigite, a garçonete do Bogart Café.
Eu sentirei saudade da minúscula rua da minha casa com três lombadas e dois soldados.
De me perder em Piedade. De achar sem graça o Parque Dona Lindu.
De pedalar em frente ao Parque de Santana.
Lembrarei com gosto da melhor pizzaria da cidade [adivinhem qual] e da Fri-Sabor.
E lembrarei da casa de Gracinha com aquela inhaca de cachorro.
Lembrarei da creche onde fiz trabalho voluntário.
Sentirei saudade do pub no Pina e dos shots do Alceu, na Torre.
Sentirei falta de atravessar a Ponte Maurício de Nassau.
De comprar aneis no Bairro de Santo Antônio.
Do caos do Cais de Santa Rita.
De ir ao Mercado de São José.
Sentirei falta de pegar o Dois Irmãos Rio Doce pra ir a algum show no Centro de Convenções.
Sentirei falta do carnaval no Recife Antigo. [sim!]
Das prévias de Carnaval no Poço.
Do frevo entrando na minha casa sem permissão.
Sentirei falta da canjica no São João.
Lembrarei das árvores de garrafa PET no Natal montadas no meio do rio.
Das pontes iluminadas. [a decoração de Natal aqui é bem fraquinha, digo logo]
Da Fenearte.
Da Salada Justiça.
Sentirei falta, claro, da Consultexto. [alou, galera ctx <3]
Do laguinho da Federal.
De fazer feira no Bompreço.
De ir pro prédio de Marcela, André ou Juvenal.
Sentirei falta de ir no Texacão comprar bebida de madrugada.
De ir ao Shopping Recife só pra ir na Zara.
Sentirei falta da Rua da Moeda - de tomar caipirinha no Novo Pina. [como eu sinto falta disso]
De ficar em frente ao Burburinho ouvindo blues.
Das festas no Vapor 48.
De tomar açaí no Box Casa Forte.
De visitar minha vó em aldeia.
De ver o pôr-do-sol na beira do rio, no Poço.
De pegar o Dois Irmãos Rui Barbosa quatro vezes por dia. [só que não]
Etc.
Etc.

Tô com pressa agora. [sim, o texto acabava exatamente assim, haha wtf]

25.07.2013



Carta de despedida para o Recife


5 de agosto de 2013

Querido Recife,

Estou partindo, é verdade. Mas, por favor, não se desespere. Volto em breve. Vou sentir falta do seu calor. Sei que baixaste a temperatura para incríveis 19 ºC só pra me fazer ficar. [quem não lembra desse dia com todo mundo postando foto de termômetro no instagram e dizendo que tava morrendo de frio?]  Não me convenceu. Trocarei tuas pontes por outras. O Capibaribe pelo Weser. O Rui Barbosa por um ônibus qualquer [número 26 atualmente]. Paulo Inojosa pela rua da maré cheia [depois descobri que o nome da rua não significa maré cheia, mas tudo bem].
Sim, eu volto. Eu juro que volto. Mas, por favor, se esforce para mudar. Cansei desse teu jeito violento de ser, confesso. Cuide bem da minha família. Meus amigos ficarão sob a tua tutela.
És grosso, mal-educado, mesquinho - mas sabes que te amo, não é? Pois é. Todos dizem pra te largar. Mas te amo com todos os teus defeitos. E não sei se consigo.
Ah, Recife, vai sentir a minha falta. Sei que vais. Mais do que eu sentirei a tua. [mentira]
Estou trocando de portos. Estou trocando de cais.
Troco portanto de amores.
Não, por enquanto, Recife,
não te quero mais.

Ursula Neumann

Sobre ser adulto, frases de efeito e biscoitos da sorte

Acabei  de achar esse texto que eu escrevi antes de viajar (21/07/2013) e resolvi publicar aqui mesmo não tem muito a ver com a temática do blog.


Virei gente. Agora eu já sei pedir um expresso. It tastes sweet. Meu intercâmbio já começou. A cada documento que eu separo, a cada palavra diferente que eu busco no Google Tradutor, já estou vivendo novas experiências. Amadurecendo o que eu nem sabia que existia pra amadurecer.

Adultos na verdade não passam de crianças crescidas. Responsáveis, mas inseguros. Insecure like a baby.

Hoje é um daqueles dias que parece um filme. Tem trilha sonora, tem café, tem chuva.
Kasabian toca e tudo continua a mesma coisa.
Eu não sei por que eu chamo as pessoas pra saírem comigo quando eu sei que no fundo eu quero ficar sozinha. Eu vivo em contradição. Por hábito talvez. Muitas vezes eu não sei dizer não. É uma coisa impulsiva. Minhas atitudes negam o que eu penso. Mas só eu sei das minhas contradições. Pelo menos isso.

Por mais que os livros tragam ideias;
os filmes, morais;
as músicas, frases de efeito;
por mais que sábios, filósofos, pensadores, especialistas expliquem,
exemplifiquem,
por mais que sejam a convicção em pessoa
- a grande verdade é que, de fato, não sabemos de nada.

A gente acha que vai crescer e ter conhecimento de tudo;
que vai entender a vida;
que as angústias vão passar;
que seremos seguros e confiantes como nossos pais ou avós;
que iremos dar conselhos;
que escreveremos livros reveladores - mas não.
 É tudo igual.
Ser adulto é tão assustador quanto ser criança - ou talvez mais -
porque não tem ninguém pra te consolar,
porque você pode ser preso,
porque você pode trazer males aos outros,
porque você pode trazer outro ao mundo.
 E ainda existe burocracia.

Uma vida é apenas muito pouco pra se dizer o que são ou o que deixam de ser as coisas. 
Uma vida é simplesmente muito pouco.
Pouco pra se ter as experiências que ela oferece. Eu não quero viver pra achar a verdade. Eu queria tempo pra viver.
E se eu não quiser ter filhos? Ser advogada? Hippie? Se eu quiser ser prostituta? Se eu quiser morar na África? Ser atriz? Careca? Casar dez vezes? Ser voluntária da ONU? Astronauta? Personal trainer? Uma vida só não consegue conciliar isso tudo.

Não é que eu não esteja aproveitando a vida. A minha única e singela vida. É que simplesmente não dá pra fazer tudo. E eu escolhi ir pelo caminho básico, tradicional, estável e seguro que a maioria escolhe.
É como se eu tivesse uma determinada quantia de dinheiro pra viajar e escolhesse ir pra Europa visitar Paris, Roma, Londres e Berlin.
Tem gente que escolhe Malta.
Tem gente que escolhe o Chipre.
Ou a Indonésia.
Tem gente que se aventura em Madagascar.
São escolhas.
Não dá pra voltar atrás. Não dá pra ir a outros lugares.

E é por isso que eu acho que gostamos tanto de frases de feito. Porque elas nos passam segurança. Por mais fakes que pareçam.
Todo mundo ama uma frase de efeito. Vide os milenares biscoitos da sorte chineses.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Compilação de tristezas do meu caderninho de 1 euro




É verdade que eu achei que seria mais fácil fazer intercâmbio. Mas é no meio dos conflitos e das confusões que eu vejo que tenho amadurecido. Na marra mesmo. A partir do momento que eu vejo que eu não posso simplesmente pegar um avião e voltar pro Brasil, eu amadureço. Eu aprendo a ser forte e a aguentar a saudade. Sim, o intercâmbio me fez uma pessoa sensível. Sensibilíssima - se é que essa palavra existe. As pessoas sempre reclamaram que eu sou fria e distante, que não ligo pra nada. Mas não. Eu me descobri uma pessoa super sensível aqui. E eu amadureci porque aprendi a valorizar meus pais, meus amigos, minha língua, meu país, minha cidade. Eu sinto falta de cada detalhe, de cada lugar, de cada pessoa. Eu sei que eu dizia que tava de saco cheio do Recife e eu sei que vou dizer isso quando eu voltar - mas é apenas uma questão de convivência.
Bremen às 8h30. Quem consegue trabalhar nessa escuridão?

Sempre que eu conheço uma pessoa que mora há anos fora do seu país de origem eu me pergunto: meu deus, como ela consegue? Certos imigrantes passam anos e anos sem voltar pro seu país e quando eu penso que ainda faltam oito meses pra eu voltar pra minha terra chega bate um desespero!

Às vezes, eu me sinto num exílio, sem ter como sair, presa, claustrofóbica. Pode parecer ingratidão (principalmente com os meus pais que estão me dando esta oportunidade), mas essa é a verdade. Eu sei que vai ser bom pra mim. Pode não estar sendo agora, mas eu já me sinto outra pessoa. É uma metamorfose lenta e dolorosa.

Talvez eu não tenha escolhido um país fácil pra se morar. E eu ainda carrego o peso de ter um sobrenome alemão e não ser de fato alemã. De ter cara de alemã e não falar alemão. Além disso, como eu vim pra cá pra aprender alemão, eu me sinto culpada a cada palavra em inglês que eu falo. A cada vez que eu saio só com brasileiros. É como se eu não me esforçasse o suficiente. É como se eu jogasse tudo fora. Essa ligação que eu tenho com a Alemanha é um plus que eu tenho que os outros intercambistas não têm. Eles vêm pra ter aula em inglês, pagar algumas cadeiras que não tem no Brasil e voltar. Mas o curso não importa de fato pra mim. Além de tudo, eu não tenho bolsa como os outros - o que me faz ter que contar cada moeda. Controlar meu dinheiro - isso também me faz amadurecer. Pagar meu aluguel, meu plano de saúde, a multa do banco porque a conta ficou no vermelho - isso tudo me faz amadurecer.


Sim, a qualidade de vida aqui é infinitamente melhor do que no Brasil - não dá pra negar-, e sim, eu ainda penso em morar definitivamente na Europa.  Minha ideia inicial era aprender alemão agora e voltar depois pra fazer um mestrado. Mas sinceramente, não sei se quero mais a Alemanha. Acho que to ficando meio traumatizada. Mas sinceramente [2], nenhum lugar no mundo vai ser como o Recife. Eu nunca vou me sentir confortável como eu me sinto no Recife, em Casa Forte. Minha família está lá, meus melhores amigos estão lá, minhas histórias estão lá. É essa necessidade de conforto e unidade que eu tenho. Gringo vai ser sempre gringo, não importa quanto tempo ele more no país. 
A vontade que eu tenho é de estudar aqui, voltar, fazer um mestrado, um doutorado e então voltar pro Brasil de vez. Acrescentar algo, levar conhecimento, ver o País crescer, acompanhar, fazer parte e participar de quantos protestos forem precisos. Não importa se eu tenho cidadania alemã, eu sou é brasileira.

Eu estaria reclamando de barriga cheia se eu dissesse que as coisas estão ruins. Mas se eu disser que eu to feliz é mentira. A Alemanha não ajuda, os alemães não ajudam, a língua não ajuda, o inverno não ajuda. E eu ainda continuo na luta pra achar um quarto (ao contrário do que eu disse num post anterior, eu não me mudei ainda). Dois meses, 50 emails, 10 visitas e nada. Se eu não achar um lugar até 1º de fevereiro, ficarei homeless. Mas isso é outra história problema.

Eu sempre achava engraçado quando os alemães justificam tamanho mau humor com o clima. Afinal, acho que o tempo no Reino Unido é ainda pior com aquela chuvinha irritante. Mas to realmente começando a acreditar que faz sentido. Nunca tem luz, sempre tá frio, nem neva nem faz sol. A vontade que eu tenho é de ficar na cama lembrando de que nessa época do ano eu costumo passar semanas inteiras na minha casa de praia. Talvez melhore quando a primavera vier. Talvez eu mude de opinião. Talvez eu pare de sonhar que to voltando correndo de braços abertos pro Recife como uma prisioneira recém-libertada (sim, sonhei isso hoje). Talvez eu pare de chorar com tanta frequência.